Ikuiapá e os fluxos cósmicos: processos de desterritorialização do espaço Boe-bororo
Palavras-chave:
Povo Boe-Bororo, Fronteira, Território.Resumo
O povo Boe-Bororo ocupava um vasto território que se estendia, em arco, do rio Otuquis, no Oriente boliviano, adentrava no Brasil pelas cabeceiras do rio Paraguai, delimitado ao Sul pelo rio Taquari, até alcançar a Nordeste, no contraforte do planalto, o rio das Mortes e as nascentes do Araguaia. Esse imenso complexo sociocultural, composto por diferentes grupos locais, foi fragmentado e dividido em novas categorias: Bororo Ocidental e Oriental, em referência ao eixo de penetração colonial representado pelos rios São
Lourenço-Cuiabá. A implementação de diversas missões jesuíticas de Chiquitos, a partir de 1691, na banda ocidental do rio Paraguai, em terras de Castela, e a criação das povoações portuguesas no entorno de centros minerários, em especial da Vila de Cuiabá, em 1719, consolidou a conquista desse território. Dentro de uma análise centrada no domínio do simbólico, onde os territórios são articulados aos fluxos cósmicos, aos espaços-tempos sociais, culturais e cognitivos, procurou-se apresentar o processo de desterritorialização do espaço Boe-Bororo sob a ênfase teórica no culturalismo, num diálogo entre a História, Geografia e Antropologia.
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