Ikuiapá e os fluxos cósmicos: processos de desterritorialização do espaço Boe-bororo

Autores

  • José Eduardo Fernandes Moreira da Costa

Palavras-chave:

Povo Boe-Bororo, Fronteira, Território.

Resumo

O povo Boe-Bororo ocupava um vasto território que se estendia, em arco, do rio Otuquis, no Oriente boliviano, adentrava no Brasil pelas cabeceiras do rio Paraguai, delimitado ao Sul pelo rio Taquari, até alcançar a Nordeste, no contraforte do planalto, o rio das Mortes e as nascentes do Araguaia. Esse imenso complexo sociocultural, composto por diferentes grupos locais, foi fragmentado e dividido em novas categorias: Bororo Ocidental e Oriental, em referência ao eixo de penetração colonial representado pelos rios São
Lourenço-Cuiabá. A implementação de diversas missões jesuíticas de Chiquitos, a partir de 1691, na banda ocidental do rio Paraguai, em terras de Castela, e a criação das povoações portuguesas no entorno de centros minerários, em especial da Vila de Cuiabá, em 1719, consolidou a conquista desse território. Dentro de uma análise centrada no domínio do simbólico, onde os territórios são articulados aos fluxos cósmicos, aos espaços-tempos sociais, culturais e cognitivos, procurou-se apresentar o processo de desterritorialização do espaço Boe-Bororo sob a ênfase teórica no culturalismo, num diálogo entre a História, Geografia e Antropologia.

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Biografia do Autor

José Eduardo Fernandes Moreira da Costa

Indigenista. Mestre em Geografia e Especialista em Antropologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

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Publicado

2019-10-18

Como Citar

Costa, J. E. F. M. da. (2019). Ikuiapá e os fluxos cósmicos: processos de desterritorialização do espaço Boe-bororo. Revista Do Instituto Histórico E Geográfico De Mato Grosso, 1(81), 83–119. Recuperado de https://revistaihgmt.com.br/index.php/revistaihgmt/article/view/103