Virgílio Corrêa Filho: um entusiasta do “brasileirismo sadio”

Resumo

Tendo em vista a produção intelectual e a trajetória percorrida por Virgílio Corrêa Filho (1887-1973), não é possível considerá-lo, de forma simplista, apenas como um historiador mato-grossense. Essa visão deturpa a real significação do conjunto de sua obra. As questões que permeiam seus trabalhos refletem, de modo permanente, as impressões vividas por um intelectual transregional, atingido simultaneamente pelas injunções da política interna e externa. Integrou o conjunto de estudiosos que, na década de 1920, defendeu o ideário nacionalista, contribuindo, no período Vargas, para empreender a Marcha para Oeste. Seus trabalhos revestem-se de extrema complexidade e só podem ser dimensionados, portanto, à luz de um universo interdisciplinar, vinculado às mudanças estruturais e conjunturais brasileiras. O Conselho Nacional de Geografia, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Jornal do Comércio, localizados no Rio de Janeiro, desempenharam um papel decisivo em sua trajetória. A participação como sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (Cuiabá), em 1919, foi significativa, ao contribuir para a elaboração de uma identidade mato-grossense construída com o objetivo de evidenciar a importância do Estado para a formação e consolidação da unidade nacional. Vivenciando e usufruindo das vantagens decorrentes do ambiente cosmopolita do Rio de Janeiro, Virgílio Corrêa Filho, tendo sempre ocupado cargos de destaque como funcionário público, além de jornalista e engenheiro civil, dedicou mais de meio século de sua vida à elaboração de trabalhos destinados ao conhecimento do Brasil, nos quais se incluem os estudos acolhidos pela Revista Brasileira de Geografia.