Um menino Nambiquara em Cuiabá: fragmentos de um entrelugar no processo de contato

Autores

  • Anna Maria Ribeiro F. Moreira da Costa
  • Rosana Campos Leite Mendes

Palavras-chave:

Nambiquara do Cerrado, Trajetória de vida, Construção identitárias, Memórias, Mato Grosso.

Resumo

Este artigo tem por objetivo apresentar, por meio de fontes orais, um fragmento da trajetória de vida do índio Nambiquara Eutímio Kithaulhu, desde o momento em que deixou sua aldeia para viver em Rosário Oeste e Cuiabá, Mato Grosso, a convite de um seringalista. Esse fato ocorreu em 1951, quando os seringueiros invadiram terras milenarmente ocupadas pelos grupos que compõem a etnia Nambiquara do Cerrado, evento que desenhou momentos de convivência ora pacífica ora de violência. Ao lançarmos um foco de luz sob o personagem central deste estudo, nos inserimos nas “epistemologias do Sul”, sob perspectivas dos teóricos descoloniais, em um percurso que nos permitiu transcender o racionalismo moderno: Santos e (2009) e Quijano (2005), com vistas a um enriquecimento dos saberes propiciados pelo pensamento de Le Goff (1992), Certeau (1994), Eliade (2001), dentre outros, propiciando-nos um desvelar de experiências silenciadas pelo cânone da modernidade. Nas cidades onde morou e fazendas onde trabalhou, até pelos idos do ano de 1970, Eutímio não interrompeu o paradigma venatório apreendido durante o tempo em que viveu na aldeia. Ao retornar para seu lugar originário reaprendeu sua língua e se incorporou aos trainvestigar conhecimentos sobre as significações do contato dos povos indígenas com a sociedade não indígena, como condição básica na construção identitária de Mato Grosso, Brasil. As situações de contato no país, definidas como “aglomerados humanos de exclusão”, são ainda marcadas pela extrema desterritorialização.

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Biografia do Autor

Anna Maria Ribeiro F. Moreira da Costa

Doutora em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), membro do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso, professora do Univag, Centro Universitário de Várzea Grande-MT.

Rosana Campos Leite Mendes

Doutoranda em Literatura e Práticas Sociais pela Universidade de Brasília (UnB). Mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Escola Superior de Saúde Pública, Secretaria de Estado de Saúde. Atualmente participa dos grupos de pesquisa Literartes (UnB); Contemporarte (UFMT).

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Publicado

2019-10-18

Como Citar

Costa, A. M. R. F. M. da, & Mendes, R. C. L. (2019). Um menino Nambiquara em Cuiabá: fragmentos de um entrelugar no processo de contato. Revista Do Instituto Histórico E Geográfico De Mato Grosso, 1(81), 119–148. Recuperado de https://revistaihgmt.com.br/index.php/revistaihgmt/article/view/104