Cartografando percepções sobre os indígenas e a educação ocidentalizada de parte da obra de Joaquim Ferreira Moutinho

Resumo

Cartografar percepções aparece nesse artigo como um objeto de investigação que prioriza o olhar de Joaquim Ferreira Moutinho e a circularidade de suas percepções em relação aos indígenas. O pressuposto analítico é de que o autor, como homem de seu tempo, que transitou entre a identidade local e a moral europeia, em alguns momentos se viu em situações de contradição na exposição de suas impressões e, ainda, no que tange à educação e ao processo civilizatório que havia de ser instalado na província de Mato Grosso, para que o local deixasse de lado certa inércia por ele constatada e em vários momentos reforçada. Na contramão, em vários momentos, dedicava a enaltecer o regional, deixando claro a dubiedade de suas percepções evidenciadas em suas narrativas. No que concerne à educação indígena, não foram muito distintas suas observações. Em alguns momentos enaltecia determinadas etnias e em outros apelava para a catequese como instrumento para sua “civilização”. Assim, esse artigo visa destacar os elementos contraditórios presentes em alguns escritos de Joaquim Ferreira Moutinho, cartografando sua experiência de homem que viveu em Mato Grosso, no século XIX, e deixou marcas por meio das suas impressões dúbias. Para esse estudo, foram consultados registros documentais e bibliográficos que oferecessem respostas para a compreensão de um homem que escreveu tatuado com as marcas de seu tempo. O artigo se insere na perspectiva da colonialidade do saber e na teoria do sistema-mundo, que tem como um dos expoentes Immanuel Wallerstein.